Desdobramento do eu.

Desdobro o “eu” entre o real e o virtual e completo-me com estas duas partes? … O “eu” que sou e o “eu” que gostaria de ser… O interminável Real versus Virtual? As fronteiras entre o real e o virtual são ténues… A questão é que às vezes dividimo-nos em personagens diferentes para desempenharmos o papel que temos de desempenhar… e algumas vezes, elas sobrepõem-se umas às outras, capazes de nos confundir… Outras vezes são tão distintas que nem parecem fazer, de facto, parte nós. Mas a verdade é que somos tudo aquilo… um conjunto imperfeitamente (porque humano é) “perfeito”… Construo então a minha personagem final em desdobramentos?

"Se as coisas são estilhaços

do saber do universo,

seja eu os meus pedaços,

impreciso e diverso."

Fernando Pessoa

Na verdade procuro-me e construo um todo em partes… Ora este eu ora aquele outro… A multiplicidade do todo retido na parte, dá-me a visão caleidoscópica do todo, porque a parte faz parte do todo, e o todo não é de todo a parte...

“Eu não sou eu nem sou o outro Sou qualquer coisa de intermédio Pilar da ponte de tédio Que vai de mim para o outro" Mário de Sá-Carneiro

Eu sou a criação de dois “eus”, passaram-me partes de cada um e formaram-me num misto dos dois… e agora?... Tratem-me por "todo" ou "partes", mas nunca por "nada"...